domingo, 30 de agosto de 2009

2. O caminho da Renúncia Leva a Muito Sofrimento.


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"Este é para mim um instrumento escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, os reis e os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome" (Atos 9:15-16). Paulo recebeu a promessa de um ministério frutífero. Mas teria que suportar grandes sofrimentos para realizá-lo.

Sofrimento é um assunto amplo, incluindo muitos tipos diferentes de dor: agonia física, angústia mental, aflição emocional, dor espiritual. De acordo com as escrituras, Paulo experimentou cada uma delas. Ele sofreu um espinho na carne, naufrágios, apedrejamentos, açoites, roubos; enfrentou rejeição, zombaria, mexericos maliciosos; suportou perseguições de todos os tipos. E às vezes sentiu-se perdido, confuso, incapaz de ouvir algo de Deus.

Este modelo de sofrimento da vida de Paulo não será experimentado por todos que buscam a vida de renúncia. Mas de alguma maneira, todo crente consagrado irá se defrontar com a dor. E há um propósito atrás de tudo isso. Veja, sofrimento é uma área da vida sobre a qual não temos controle. É a área na qual aprendemos a nos render à vontade de Deus.

Eu chamo este sofrimento de escola da renúncia. É um local de treinamento onde, como Paulo, caímos sobre nossas faces e terminamos clamando: "Senhor, não dá para agüentar issso". Ele responde: "Bom. Deixe comigo. Entregue tudo a Mim, corpo, alma, mente, coração, tudo. Confie plenamente em Mim".

Se você tomar o caminho da renúncia, da submissão completa, sofrerá muito mais do que o cristão mediano, complacente. Se um crente que faz concessões sofre, é apenas para o seu benefício. O Senhor pode estar usando a dor para desabituá-lo de algum pecado particular. E ninguém mais vai aprender com as suas lições. Mas se você deseja a vida de renúncia, o seu sofrimento eventualmente se tornará um grande conforto para outros. Paulo afirma:

"Bendito seja o Deus...o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos" (2 Coríntios 1:3-6).

Paulo está falando aqui de sofrimentos que são permitidos por Cristo. Nosso Senhor permite estas dores nas nossas vidas, para nos tornar testemunhas da Sua fidelidade, diante dos outros. Ele quer confirmar que é o "Deus de toda consolação" (1:3). O objetivo do nosso sofrimento não é apenas nos levar à uma completa entrega à Sua vontade. Também é para "vossa (dos outros) consolação e salvação" (1:6). Resumindo, os maiores ministérios de consolação são fruto dos nossos maiores sofrimentos.


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3. O Caminho da Renúcia Leva à Uma Única Ambição.


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Paulo não tinha outra ambição, outra força que o impulsionava na vida, do que esta: "Que possa ganhar a Cristo" (Filipenses 3:8).

Conheço um jovem pregador, homem de Deus, que tem amizade com muitos outros pregadores jovens pelo país inteiro. Perguntei-lhe qual ele considerava ser o maior problema entre seus companheiros. Ele disse: "A pressão para ser bem sucedido". Sua resposta me espantou. Eu sabia que a busca do sucesso é comum na sociedade secular. Então também é uma praga na igreja? Ele explicou: "Ministros jovens acham que precisam produzir grandes números na sua igreja imediatamente. Eles sentem uma forte pressão para apresentar crescimento da noite para o dia".

Isto também é um problema para ministros mais antigos. Eles vêm trabalhando árduamente durante anos, esperando ver sua igreja crescer. Quando então uma nova igreja, de um pastor jovem, começa a crescer, os mais velhos se sentem pressionados a conseguir o mesmo. Eles correm para conferências sobre crescimento de igrejas, procurando técnicas para aumentar seus números.

Já perdi a conta de quantas cartas tenho recebido, que dizem basicamente o seguinte: "Nosso pastor acaba de retornar de uma conferência, animado com uma 'nova fórmula de sucesso'. Diz que nossos cultos precisam ser mais amigáveis com pecadores. Então ele alterou completamente o louvor, bem como os sermões. É um lugar diferente agora. Alguns meses atrás o Espírito Santo se movia poderosamente aqui. Mas agora as pessoas estão saindo, porque o Espírito foi embora".

Um pastor ficou perplexo diante do conselho de um especialista em crescimento de igrejas. Este lhe disse: "Sua igreja não pode crescer se Jesus é tudo o que você oferece". Este "especialista" omitiu Cristo! A resposta a qualquer problema da igreja está prontamente disponível, mas este homem não a conheceu. Como? Ele se afastou justamente da ambição que Paulo diz ser necessária: ganhar a Cristo.

Pelos padrões atuais de sucesso, Paulo foi um fracasso total. Ele não construiu nenhum prédio. Ele não tinha uma organização. E os métodos que ele usava eram desprezados por outros líderes. Na verdade, a mensagem que Paulo pregava ofendia muitos de seus ouvintes. Às vezes foi até apedrejado por isso. Seu assunto? A cruz.

Jovens ministros tem dito: "Irmão David, você é um sucesso. Você tem um ministério pelo mundo todo. Você pastoreia uma mega-igreja. Até escreveu um best-seller. A sua reputação é para a vida toda. Bem, e eu? Por que não posso ir pelo mesmo caminho?".

Às vezes tenho me sentido tentado a responder: "Mas eu paguei um preço. Você não conhece os sofrimentos que passei nesta caminhada". Não, esta não é a resposta. O fato é que conheço homens bem mais piedosos que eu, que sofreram bem mais do que poderia sequer imaginar. Foram fiéis e consagrados, suportando terríveis sofrimentos, alguns até à morte. Todavia os nomes destes homens não são conhecidos pelo mundo afora.

Esta não é absolutamente a questão. Quando todos estivermos diante de Deus no julgamento, não seremos julgados segundo nossos ministérios, nossas realizações ou o número de convertidos. Haverá apenas uma medida para o sucesso neste dia: nossos corações estavam totalmente entregues a Deus? Pusemos de lado as nossas próprias vontades e prioridades, para aceitar as dEle? Sucumbimos à pressão dos outros e seguimos a multidão, ou buscamos apenas a Ele para nos guiar? Corremos de um curso para outro procurando um objetivo na vida, ou encontramos a nossa realização nEle?

Eu tive o chamado para pregar a palavra de Deus desde os oito anos de idade. E posso dizer honestamente que, durante toda a vida, a minha maior alegria tem sido ouvir o Senhor. Eu sei que quando estou diante das pessoas para pregar, estou divulgando uma mensagem que Deus me deu. E esta mensagem precisa trabalhar na minha própria alma, antes de me atrever a pregá-la a outros. Deleito-me em esperar no Senhor, para ouvir: "Este é o caminho, ande por ele".

Agora, aos setenta anos, tenho apenas uma ambição: aprender mais e mais a dizer apenas as coisas que o Pai me dá. Nada que digo ou faço de mim mesmo vale alguma coisa. Quero poder afirmar: "Sei que meu Pai está comigo, pois faço apenas a Sua vontade".

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